Fim da era da comida “barata”: FMI aponta preços mais elevados em cem anos

Foto: Freepik

Foi registrado no mês passado pelo principal índice global de preços de alimentos das Nações Unidas o patamar mais elevado em 61 anos. Já na série do Fundo Monetário Internacional (FMI), avaliada a partir de 1900, atingimos um recorde em cem anos.

Atualmente, os preços ultrapassam as marcas da época da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e da primeira crise mundial do petróleo (1973-1974), de acordo com a ONU. As informações do FMI, por sua vez, indicam que o momento atual fica atrás somente do patamar verificado após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

A inflação de alimentos, que já vem crescendo desde 2000, tem sofrido novas pressões devido à guerra em território ucraniano, além de ter ganhado força um pouco antes do início da pandemia.

Outros fatores sentidos ao longo dos anos que culminaram no cenário atual, além da pandemia e da guerra, foram o crescimento da renda na Ásia e na África e as mudanças climáticas, que tornaram as safras irregulares e imprevisíveis.

Tais circunstâncias registram o encerramento de uma época de alimentos “baratos”, que colaboraram para diminuir a pobreza e a fome no mundo na segunda metade do século 20.

Em relação ao Brasil, a disparada nos preços de comida e combustíveis gerou um paradoxo: enquanto a população empobrece e diminui o padrão alimentar, as contas públicas crescem e o risco fiscal encolhe com o salto da arrecadação de impostos gerado por mais receita com exportação de commodities, como grãos e petróleo.

Nó último mês, o índice de preços de alimentos da ONU calculado pela FAO (Organização para Alimentação e Agricultura, na sigla em inglês) registrou 159,3 pontos, superando o recorde anterior, de 1974 (137,4), e pressionado por todos os seus componentes: cereais, carnes, óleos, laticínios e açúcar.

Anteriormente a guerra, Ucrânia e Rússia correspondiam por 25% das exportações globais de trigo e 15% das de milho. O conflito também influenciou para que o preço do petróleo saltasse mais de 45% neste ano, pressionando fretes e a cadeia de distribuição de alimentos.

Nenhum dos itens alimentícios no Brasil tem oscilação em 12 meses inferior a dois dígitos. Mesmo sem contar commodities como grãos, o conjunto de hortaliças e legumes cresceu 46,2% no período, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da FGV.

A projeção pessoal de André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV-Ibre) para a inflação de alimentos em 2022 é de 13%, significativamente superior aos 7,5% a 8,5% que o mercado estima para o IPCA, índice oficial geral do IBGE.

Redação: Victor Boscato – Supervisionado por: Fernanda Zambianco)

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