BC aumenta taxa de juros pela 8ª vez, para 10,75%

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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros da economia (Selic) em 1,5 ponto percentual, saltando de 9,25% para 10,75% ao ano, valor mais elevado desde maio de 2017 (11,25%). Foi alcançado pela primeira vez os dois dígitos nos últimos 5 anos. O movimento, entretanto, era esperado pelos economistas.

O ritmo recente de elevações, que chegou a 8,75 pontos percentuais em oito reuniões do Copom, é o maior desde março de 1999, um momento onde o Brasil estava com problemas em relação ao câmbio e o Banco Central (BC) teve a iniciativa de aumentar a Selic em 20 pontos percentuais –  de 25% para 45% ao ano.

Entre os fatores que motivaram as decisões do Comitê está o “ambiente menos favorável” do cenário externo, com a persistência da inflação e a nova onda de covid-19. O Copom também se surpreendeu negativamente com a inflação ao consumidor, mas relatou que indicadores do quarto trimestre apresentaram um ligeiro avanço, especialmente no mercado de trabalho.

O comitê do Banco Central espera que os próximos passos da política monetária possam ser “ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas” e estejam a deriva de como a atividade econômica no Brasil irá avançar ao longo de 45 dias até a próxima reunião.

Apesar da série de altas consecutivas, os juros passaram sete meses de agosto de 2020 a março de 2021 no menor patamar histórico (2% ao ano).

Na manhã desta quinta-feira (3) O dólar tinha elevação frente ao real, com agentes do mercado compreendendo a indicação do BC, na véspera, de que esfriará o volume de seu ciclo de aperto monetário. O BofA espera que a Selic seja aumentada em mais 0,5 ponto percentual na reunião de março, registrando uma taxa terminal de 11,25% ao ano.

Para Samuel Durso, economista-chefe do Denarius, o oitavo aumento consecutivo da Selic mostra o compromisso assumido pelo Copom para o controle dos preços no mercado interno, corrigindo a rota definida durante a pandemia, que fez com que a taxa básica de juros chegasse ao patamar de 2% a.a. “As expectativas atuais do mercado para a inflação ainda estão acima da meta definida para 2022, o que deve incentivar o BC a manter a política monetária contracionista”, aponta.

Além disso, Durso destaca que outros resultados econômicos, em especial sobre a geração de emprego, têm permitido a retomada dos juros no mercado interno. “Tanto o CAGED quanto a PNAD têm mostrado uma recuperação na geração de emprego, mesmo que mais lenta do que o desejado”.

Para 2022, a expectativa do economista não é de um crescimento significativo da economia brasileira, uma vez que juros mais altos reduzem os incentivos para investimento e consumo.

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