Deflação no mês de julho a mais pobres foi a metade da retração agregada

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A deflação observada no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho, externado esta semana, veio para os consumidores de todas as faixas de renda, mas o desafogo foi menor para os mais pobres, segundo o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda, divulgado nesta sexta-feira (12), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O indicador do Ipea repondera o IPCA, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de acordo com a faixa de rendimento das famílias. A faixa mais baixa inclui as famílias com rendimento domiciliar de até R$ 1.726,01 por mês. Já a faixa de renda mais alta engloba as famílias com rendimento mensal domiciliar superior a R$ 17.260,14.

No mês de julho, a deflação foi influenciada pelo arrefecimento da conta de luz e dos combustíveis, após o governo atuar para diminuir tributos federais e estaduais sobre esses itens. Na média nacional, a gasolina ficou 15,5% mais barata, o preço do etanol encolheu 11,4% e o da conta de luz, 5,8%. Só que o Ipea enfatizou, em relatório, que o desafogo nos preços dos combustíveis contribuiu mesmo a deflação medida pelo IPCA da faixa de renda “média”, para a qual o impacto dos combustíveis em suas cestas de consumo “é relativamente maior que o observado nas demais faixas de renda”.

A deflação de julho não foi mais alta devido aos preços dos alimentos. Como, na reponderação do Ipea, esses itens influenciam mais no índice de preços para as famílias mais pobres, esse público foi afetado ainda mais por esse efeito. “A alta observada no grupo alimentação e bebidas impediu um recuo ainda mais significativo da inflação em julho, especialmente para as famílias de menor renda”, diz o relatório do Ipea, destacando “os reajustes das aves e ovos (1,4%), dos farináceos (1,8%), dos panificados (2,0%) e, sobretudo, do leite (25,5%)”.

Em relação ao acumulado em 12 meses até julho, o IPCA agregado apresentou elevação de 10,1%. Para os mais pobres, a taxa em 12 meses registrou 10,4%. Para os mais ricos, 10,5%.

Para as famílias mais pobres, os alimentos seguem como a principal influência no acumulado em 12 meses, enfatizou o relatório do Ipea: “Para as famílias de renda mais baixa, a maior pressão inflacionária nos últimos doze meses reside no grupo alimentação e bebidas, impactada pelas altas expressivas de diversos segmentos, como: farinhas e massas (20,0%); tubérculos (36,5%); hortaliças (27,2%), frutas (35,4%), leite e derivados (41,2%), aves e ovos (18,1%), panificados (18,2%) e óleos e gorduras (23,9%)”.

Sobre as famílias mais ricas, a alta inflação acumulada em 12 meses vem de pressões que “estão, sobretudo, no grupo transportes, refletindo os aumentos dos combustíveis (7,2%), além da alta no transporte por aplicativo (49,8%), das passagens aéreas (77,7%) e dos automóveis novos (17,5%)”.

(Redação: Victor Boscato – Supervisionado por: Fernanda Zambianco)

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