Como a restrição dos EUA ao petróleo russo deve refletir no Brasil e no mundo

Foto: @wirestock/Freepik

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, interrompeu a importação de petróleo vindo da Rússia, segundo anúncio feito na última terça-feira (8). A decisão é mais uma das medidas tomadas pelo país norte-americano devido à guerra iniciada por Putin na Ucrânia.

O veredito do presidente dos EUA de paralisar a importação de petróleo da Rússia deve aumentar os valores dos combustíveis e aumenta as inseguranças em todo o mercado que envolve o petróleo. Tais ações trazem impactos para as economias globais, incluindo a brasileira, que segue se esforçando para lidar com as contínuas altas da inflação e, provavelmente, nova elevação na taxa básica de juros e menor expansão econômica.

A Rússia é o terceiro maior produtor de petróleo no mercado internacional, atrás dos EUA e da Arábia Saudita. Sendo uma das principais exportadoras de petróleo, com cerca de 7 milhões de barris ao dia. O início dos ataques, por si só, já havia acrescido os valores do barril de petróleo para cerca de US$ 140. Nesse momento, a nova sanção deve apertar ainda mais a restrição de oferta.

De acordo com cálculos preliminares da Inter B, o barril do petróleo está em torno dos US$ 150 e a pressão em outros insumos energéticos até o fim de 2022 poderiam retirar até 3% do potencial de aumento da economia global. Além do mais, o salto inflacionário seria de 1,5% a 2%.

Aos primeiros rumores do embargo, o valor do barril do tipo Brent chegou a subir 18% na segunda e ficou próximo dos US$ 139 nos primeiros negócios, chegando ao seu nível mais elevado desde 2008.

Mesmo que a guerra estivesse próxima do fim, os impactos devem continuar sendo sentidos a longo prazo, visto que o a cadeia global que envolve o petróleo demoraria meses para atenuar o choque causado pelas movimentações que tem sofrido.

Em países emergentes, a fuga da moeda pode causar inflação mais acrescida, o que pode levar a mais juros, ou a juros elevados por mais tempo. Em território brasileiro, a valorização do barril do tipo Brent desde o começo da pandemia em 2020 foi um dos influenciadores da inflação pelo efeito nos valores da gasolina e do diesel.

Nesta quarta-feira, o vice-presidente Hamilton Mourão declarou considerar a “melhor linha de ação” utilizar royalties e dividendos da Petrobras para subsidiar combustíveis durante três ou quatro meses a fim de conter uma escalada nos preços para o consumidor.

O professor Flavio Riberi, coordenador de cursos de pós-graduação da Faculdade Fipecafi, explica que a Petrobras tende a acompanhar o preço da commodity no exterior, no entanto, considerando a aproximação do período eleitoral é muito provável realmente que o governo faça intervenções, como já aconteceu em outros momentos da história da estatal, para dar subsídio na gasolina e no diesel e gerar um contentamento eleitoral para a população brasileira. “O combustível costuma afetar os índices de inflação, então existem apelos para que o combustível fique com preço artificial com relação à oferta mundial. Com essa intervenção política, é possível que haja algum aumento, mas não em escala grande nesse momento.”, aponta.

“Hoje, o que está na pauta é a energia, que envolve tanto os combustíveis como o gás que vai da Rússia para a União Europeia. Quem pode se sair muito bem são os países associados à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep)”, aponta o professor.

A Opep é um organismo intergovernamental que conta atualmente com 13 membros: Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Irã, Iraque, Líbia, Kuwait, Nigéria, Argélia, Angola, Gabão, Congo, Guiné Equatorial e Venezuela.

Riberi destaca ainda que o mercado está atento pois devem existir uma série de outras sanções de natureza econômica, também em torno de gêneros alimentícios que estão em discussão e serão aplicadas.

(Redação: Victor Boscato e Fernanda Zambianco)

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