Varejo eletrônico da Black Friday demonstra crescimento no faturamento, porém com regressão nas transações

Foto: prostock-studio/Freepik

Por Fernando Trambacos
Coordenador dos cursos de Inteligência de Mercado no Varejo e Planejamento e Gestão Financeira no Varejo da
Faculdade FIPECAFI

Já há alguns anos a Black Friday se consolidou como um dos eventos mais tradicionais do varejo brasileiro, sendo muito aguardada pelos consumidores, ávidos por aproveitar as fortes ações promocionais que marcam a data. Após um ano de 2020 com bons resultados, seguido por um 2021 de grande volatilidade, ainda não se tem uma apuração detalhada dos resultados da Black Friday 2021. Começam a sair, porém, os primeiros números relacionados ao desempenho do varejo eletrônico do evento desse ano.

De acordo com dados de levantamento realizado pela consultoria Neotrust, a BlackFriday 2021 teve faturamento total de R$ 5,4 bilhões de reais no varejo eletrônico, o que representa um crescimento de 5,8% na comparação com 2020. O número de pedidos, por outro lado, teve regressão de 0,5% frente ao ano passado, atingindo um patamar de 7,6 milhões de pedidos. O aumento de faturamento se explica, portanto, por um aumento de tíquete médio frente a 2020, na ordem de 6,4%, apurado em R$ 711,38.

É interessante notar como os resultados descritos acima refletem bem o momento ambíguo pelo qual o país tem passado: uma retomada do consumo por conta da demanda reprimida reativada com a flexibilização das medidas de restrição de circulação relacionadas à COVID-19, a qual é negativamente afetada pela escalada recente da inflação, refletida na redução do número de transações, as quais são realizadas a um tíquete médio mais alto.

Vale destacar que esse efeito já era antecipado pela piora do Índice de Confiança do Consumidor, publicado dias antes da Black Friday. Na apuração de novembro de 2021, o índice calculado pela FGV recuou 1,4 pontos frente ao mês de outubro, regredindo ao pior patamar desde abril de 2021 (74,9 pontos). Tal piora na confiança é atribuída à redução do poder de consumo e a um aumento do endividamento das famílias, principalmente as de mais baixa renda.

Esse cenário reforça, portanto, a grande incerteza em relação ao desempenho das vendas de fim de ano, as quais são tradicionalmente impactadas pela antecipação das compras de itens eletrônicos e de maior valor agregado realizadas na Black Friday. Com o aumento das taxas de juros e a manutenção de um patamar alto de inflação e desemprego, o otimismo tem sido moderado.

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