Uma nova representação da economia para sustentabilidade forte

Foto: Freepik

Por Felipe Bismarchi, Professor na Faculdade Fipecafi

Todos já devem ter ouvido o ditado “uma imagem fala mais que mil palavras” e, apesar dos debates acerca desta ideia, fiquemos com uma mensagem importante: representações visuais são elementos fundamentais na construção do conhecimento, na disseminação e perpetuação de culturas, na ascensão e queda de símbolos ou sua ressignificação. Todas as imagens são, intencionalmente ou não, carregadas de premissas e intenções e para os modelos e desenhos econômicos e de gestão isso não é diferente.

Nas publicações anteriores, pudemos compartilhar os principais paradigmas da sustentabilidade existentes, conhecendo suas premissas e provocando reflexões sobre seus desafios, limitações e potenciais. Hoje, faço uma escolha, e compartilho com vocês, pela sustentabilidade forte, a que adota o paradigma da economia ecológica como base e que está em construção há um tempo e tem ganhado mais espaço na medida em que os problemas socioambientais escalam e evidenciam a incapacidade da economia ambiental em respondê-los adequadamente.

Neste movimento de construção de caminhos em direção à sustentabilidade forte, uma pesquisadora e professora de Oxford e da Oxfam, Kate Raworth, nos apresentou um modelo fruto de anos de pesquisa e debates que ela chamou de Donut (Doughnut Economics ou Economia Donut, mesmo nome do livro de 2019 publicado pela Zahar) por sua imagem representativa que compartilhamos nesta postagem.

Como fala no subtítulo do livro, o Donut é “uma alternativa ao crescimento a qualquer custo” e, na leitura fortemente recomendada do livro, encontramos diversas reflexões importantes e alinhadas com a sustentabilidade forte (economia ecológica) que compartilharemos em nossas próximas publicações uma breve apresentação e reflexões sobre cada um dos elementos constituintes do Donut a fim de que você possa pensar em sua vida e nos papéis que desempenha (como cidadã(o), trabalhador(a), executivo(a), membro de um coletivo, de um partido, de uma religião, de um bairro, vizinhança, país, planeta) como se direcionar e ocupar o espaço seguro e justo no interior do donut.

Este espaço seguro está entre o piso social (limite interno do donut) e o teto ambiental (limite ecológico, externo do donut). O piso ou limite social traz as bases que precisam ser disponibilizadas para todos os humanos: acesso à água, energia, comida/alimentação, saúde, educação, renda e trabalho, paz e justiça, voz política, igualdade racial, igualdade de gênero, moradia e vida em sociedade, sua falta, indica déficit em bases de dignidade a uma parcela das pessoas. O teto ambiental ou limite ecológico apresenta as nove fronteiras planetárias cujo equilíbrio assegura as condições necessárias para nossa existência enquanto espécie no planeta Terra: mudança do clima, acidificação marinha, poluição química, uso de nitrogênio e fósforo, uso de água doce, mudança do uso da terra, perda de biodiversidade, poluição atmosférica e perda da camada de ozônio. Ultrapassar este teto é sobrecarregar o planeta em sua capacidade segura de manter um ambiente favorável à vida. Convidamos vocês a embarcaram conosco nesta jornada pelos elementos do donut para pensarmos juntos caminhos verdadeiramente sustentáveis para nós e todas as formas de vida do nosso planeta! E se você já está interessado em conhecer sobre o Donut e sobre técnicas, junte-se desde já à comunidade global de praticantes da Economia Donut no DEAL: DEAL (doughnuteconomics.org)

Foto: Donut Economics Action Lab

Contato: [email protected]

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