Taxa de desocupação cai, mas trabalho informal cresce na economia brasileira

Foto: Alerrandre Barros/Agência IBGE Notícias

Por: Samuel Durso, economista-chefe do Denarius

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), divulgada no dia 30 de setembro, evidencia a recuperação da geração de postos de emprego da economia brasileira. Com os dados referentes ao trimestre móvel findo em julho de 2021, já são quatro períodos consecutivos com reduções gradativas no número absoluto de desocupados. Atualmente, o país conta com 14,09 milhões de pessoas fora do mercado de trabalho, o melhor patamar atingido em 2021, representando uma taxa de desocupação de 13,7%.

Apesar do resultado positivo, pode-se perceber que essa geração de emprego no mercado deve-se, sobretudo, ao crescimento do trabalho informal. Atualmente, mais de 36 milhões de trabalhadores, incluindo os domésticos, estão inseridos na informalidade. O crescimento do trabalho informal, que já era uma realidade para a economia brasileira antes da pandemia, gera um risco para a recuperação efetiva do mercado nacional.  

A falta de um vínculo formal traz mais volatilidade para o mercado, na medida em que apresenta menos garantias aos trabalhadores. Em situações adversas, os profissionais que ocupam  alguma vaga de trabalho informal possuem maior chance de perder a sua fonte de renda e, consequentemente, reduzir o seu nível de consumo. Uma economia que cresce a partir do trabalho informal, portanto, está mais suscetível a eventos externos que podem impactar negativamente no mercado.

A PNAD Contínua evidencia também que a remuneração do trabalho está menor para a economia brasileira. Já são três períodos consecutivos de baixa para esse indicador. Atualmente, o rendimento médio geral do trabalho está em R$2.508. Em janeiro deste ano, este valor estava em R$2.629. A análise dos valores de rendimento médio por categoria de trabalho deixa clara, ainda, as desigualdades percebidas no mercado formal e informal. Dentre as categorias que mais cresceram nos últimos meses, a de trabalho por conta própria destaca-se pela discrepância entre grupos. Atualmente, o rendimento médio de um trabalhador por conta própria está em R$1.870. Para aqueles com CNPJ, contudo, o rendimento médio em julho de 2021 foi de R$3.228 e aqueles sem CNPJ apresentaram uma remuneração média de apenas R$1.428 (56% menor).

Em uma economia com inflação ascendente, redução do rendimento médio do trabalhador e mais de 14 milhões de desocupados, o consumo, que representa um dos pilares de sustentação do crescimento econômico, certamente estará ameaçado.

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