Renda dos 5% mais pobres dobra em 2022, mas ainda fica abaixo de R$ 90 por pessoa por mês, diz IBGE

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Redação: Victor Boscato

De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a renda média dos 5% mais pobres da população brasileira dobrou em 2022, mas ainda ficou abaixo de R$ 90 por pessoa por mês. Em média, o rendimento mensal domiciliar per capita dessa camada da população alcançou R$ 87, representando uma alta de 102,3% em relação a 2021, quando a renda dos 5% mais pobres havia despencado para R$ 43 por mês. Em 2012, a quantia era de R$ 82.

Os resultados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua: Rendimento de Todas as Fontes 2022, divulgada em termos reais, com o ajuste pela inflação. A pesquisa do IBGE considera o ganho total por uma família dividido pela quantidade de pessoas na residência e apresenta estatísticas sobre o rendimento dos brasileiros a partir de outras fontes, como aposentadorias e benefícios sociais.

O aumento da renda dos 5% mais pobres está relacionado, principalmente, ao pagamento do Auxílio Brasil, que foi ampliado para R$ 600 às vésperas das eleições de 2022. Na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o auxílio voltou a ser chamado de Bolsa Família. A alta de 102,3% na renda dos mais pobres foi a maior entre as 13 faixas de população pesquisadas pelo IBGE, sendo mais intensa entre as camadas de menor renda.

No entanto, a renda média domiciliar per capita dos brasileiros 1% mais ricos (R$ 17.447) correspondeu a 32,5 vezes a renda da metade da população com menos recursos (R$ 537). Embora a diferença seja ainda significativa, é a menor da série histórica iniciada em 2012, quando a marca era de 38,2 vezes. Apenas a faixa dos brasileiros 1% mais ricos teve variação negativa no rendimento, com uma queda de 0,3% em relação a 2021.

O índice de Gini, que mede a concentração dos ganhos, também recuou para o menor nível da série, passando de 0,544 em 2021 para 0,518 em 2022. O IBGE afirmou que houve forte redução da desigualdade do rendimento do trabalho em todas as grandes regiões, sobretudo devido ao ganho de ocupação ocorrido em 2022, além do pagamento dos benefícios do Auxílio Brasil.