Próxima reunião do Copom poderá surpreender o mercado

Marcelo Camargo/Agência Brasil

Por: Samuel Durso, economista-chefe do Denarius

Nesta terça-feira, 21 de setembro de 2021, o Comitê de Políticas Monetárias dará início a mais uma reunião para decidir os rumos da política monetária brasileira. Em evento privado recente, o presidente do Banco Central do Brasil (BCB), Roberto Campos Neto, declarou que a entidade fará o que for preciso para manter a inflação controlada.

Esse posicionamento reflete a crescente preocupação do mercado com o nível dos preços praticados na economia. O último relatório Focus, pesquisa conduzida pelo BCB, mostra uma expectativa, pela 24ª semana consecutiva, de alta para Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Atualmente, o mercado espera que o principal indicador de inflação finalize 2021 em 8,35%, ou seja, 3,1 pontos percentuais acima do teto da meta definida no início do ano pelo Conselho Monetário Nacional.

Neste mesmo relatório, o mercado revisou para cima, pela terceira semana consecutiva, o valor esperado para a Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira, passando de 8% para 8,25%. Até o final do ano, o Copom irá se reunir mais três vezes – incluindo a reunião iniciada nesta terça-feira. Assim, para atingir o novo patamar esperado pelo mercado, será necessário um aumento, até a reunião programada para dezembro, de 3 pontos percentuais na Selic, que atualmente está em 5,25%.

Se, por um lado, a inflação está muito acima do que se desejava, por outro, o mercado brasileiro ainda não se recuperou dos problemas gerados pela crise sanitária provocada pela Covid-19. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) mostra que ainda são mais de 14 milhões de brasileiros fora do mercado de trabalho. As elevações já previstas para a taxa básica de juros da economia nas próximas reuniões do Copom representarão desestímulos significativos para a geração de emprego, dificultando a redução do índice de desocupação da economia.

Desde o início de 2021, o BCB passou a ter autonomia na elaboração da política monetária do país, reduzindo as possibilidades de interferência política nas decisões da entidade. A partir da homologação da Lei Complementar 179/2021, o presidente e diretores do BCB passaram a ter mandatos fixos de quatro anos, não coincidentes com o do Presidente da República. Assim, apesar do ano eleitoral à vista, é provável que haja uma forte onda contracionista nas políticas monetárias brasileiras, mesmo que isso signifique menos investimentos internos para o curto prazo.    

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