Paradigmas da Sustentabilidade – quais são e quais suas implicações

Parte I – O que é um paradigma?

Foto: @biancoblue/Freepik

Por Luis Felipe Bismarchi, professor na Faculdade Fipecafi

Há um crescente interesse, o que é positivo, sobre toda a agenda ligada à sustentabilidade. Contudo, desde o início da agenda recente de sustentabilidade com a publicação de Primavera Silenciosa pela Rachel Carson em 1962, o documento Limites do Crescimento do casal Meadows e Clube de Roma em 1972 e das reuniões globais da ONU sobre esta pauta em 72, 92 e suas sequências, este termo polissêmico trouxe avanços e oportunismos em diversas dimensões.

A fim de alinharmos o significado de sustentabilidade e suas implicações nestas primeiras décadas de século XXI dada a urgência para resolvermos desafios globais e de alto risco sobre a nossa existência enquanto espécie neste planeta, apresentaremos os principais paradigmas da sustentabilidade em alguns textos rápidos.

Antes, você sabe o que é um paradigma? O termo foi cunhado por Thomas Kuhn em sua obra Estrutura das Revoluções Científicas que, logo no início (p.13), traz a definição: “considero ‘paradigmas’ as realizações científicas universalmente reconhecidas que, durante algum tempo, fornecem problemas e soluções modelares para uma comunidade de praticantes de uma ciência”. Ou seja, paradigma é o conjunto de premissas que os cientistas adotam para fazer ciência, e toda ciência feita dentro de um paradigma é chamada ciência normal.

Um comportamento importante da ciência normal, e efeito do paradigma, é que toda vez que dados da realidade se distanciam do paradigma, eles tendem a ser excluídos – como é muitas vezes comum fazer em amostras de dados para cálculos estatísticos, chamando estes dados de outliers. Contudo, paradigmas podem se mostrar incapazes de explicar a realidade ao longo do tempo e isso fica evidente com o acúmulo da outliers ao ponto de não ser mais possível negá-los. Quando chegamos a este momento, pesquisas cujas bases se diferenciam do paradigma vigente começam a ser feitas, chamada ciência pós-normal. Dos achados e da capacidade explicativa destas novas pesquisas ocorrem as mudanças de paradigma que geram as revoluções científicas ao longo da nossa história, como notado por Kuhn.

Vale lembrar que este período de “embate” de paradigmas, este momento revolucionário, não são pontuais e não são instantâneos, essa “batalha” de visões explicativas do mundo concorrem ao longo de um tempo para ver a mais capaz de explicar o fenômeno em questão ou mesmo definir, outro papel importante do paradigma, o que é problema “digno” de ser respondido, quais são questões “relevantes” de serem perguntas (e suas respostas publicadas em revistas científicas, eventos e etc).

Estamos vivendo em um período destes quando falamos sobre sustentabilidade! Existem visões diferentes de mundo para explicar o que este termo significa, especialmente quando olhamos a economia e as organizações. Conheceremos nos próximos artigos um a um, os três principais paradigmas da sustentabilidade sob a perspectiva econômica e veremos a visão de cada um deles acerca da posição e relação entre economia, sociedade e natureza!

KUHN, T. (1997). A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Editora Perspectiva.

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