IPCA: Inflação em março registra 1,62%, a mais alta para o mês desde início do Plano Real

Foto: @irenemiller/Freepik

O índice oficial da inflação no Brasil apresentou aumento de 1,62% no mês de março, segundo os dados divulgados nesta sexta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É a maior oscilação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para o mês de março em 28 anos, desde 1994, antes da implementação do Plano Real. Também se trata da maior inflação mensal desde janeiro 2003.

O dado é 0,61 ponto percentual maior do que o índice do segundo mês do ano, que ficou em 1,01%. A elevação foi influenciada principalmente pelos setores de transportes, com o crescimento do valor dos combustíveis em meio ao disparo do petróleo no mercado internacional, com o conflito no leste europeu, e alimentação.

O IPCA já registra crescimento acumulado de 3,20% no ano e de 11,3% nos últimos 12 meses. Trata-se do maior índice para 12 meses desde outubro de 2003 (13,98%). A leitura já sinaliza que ficaremos acima da meta de inflação para o ano, de 3,5%, que apresenta uma margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos.

Os dados do mês passado foram superiores as projeções de analistas, que estimavam aumento de 1,30%, acumulando em 12 meses elevação de 10,98%. A prévia do IPCA (IPCA-15) já havia espantado o mercado, com o maior crescimento em sete anos.

A maior influência para o crescimento foi o setor de transportes, que saltou 3,02% frente ao mês passado, e alimentação e bebidas (2,42%).

No grupo de maior impacto, os principais destaques foram os preços da gasolina (elevação de 6,95% frente ao mês anterior), gás veicular (5,29%), etanol (3,02%) e óleo diesel (13,65%). Além disso, outros serviços da área também aumentaram o valor, como transporte por aplicativo (7,98%) e a passagem do ônibus urbano (1,27%).

Em alimentação, os principais vilões foram: Tomate (27,22%), Cenoura (31,47%), Leite (9,34%), Óleo de soja (8,99%), Frutas (6,39%), Pão francês (2,97%).

Segundo o IBGE, oito dos nove grupos de produtos e serviços apurados tiveram elevação. A única área que retraiu frente ao mês de fevereiro foi a comunicação. Alimentação e bebidas (2,42%), Habitação (1,15%), Artigos de residência (0,57%), Vestuário (1,82%), Transportes (3,02%), Saúde e cuidados pessoais (0,88%), Despesas pessoais (0,59%), Educação (0,15%) e somente Comunicação (0,05%) recuou.

Fonte: IBGE

Gabriel Emir Moreira e Silva, Superintendente da área de Projetos da FIPECAFI e consultor na área de investimentos financeiros, otimização financeira e hedge de operações financeiras, aponta que a subida do IPCA de março, que veio principalmente dos grupos alimentação e bebidas e transportes, reforça mais um movimento de alta da Selic – com a taxa indo à 12,75% na reunião de maio – por parte do Banco Central, que em sua última ata mostrou-se preocupado com os riscos inflacionários.

“Para os próximos meses devemos ter o arrefecimento do câmbio aliviando as pressões inflacionárias (pass-through) e acomodação dos preços de commodities a medida que o conflito da Guerra na Ucrânia se resolver”, completa Gabriel.

INPC

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação percebida por famílias com renda entre um e cinco salários mínimos mensais, apresentou um leve aumento de 1,71% em março, após crescimento de 1% em fevereiro, informou o IBGE. Esse foi o maior resultado para um mês de março desde 1994.

No resultado registrado em 12 meses, o INPC ficou em 11,73%. Até o mês de fevereiro, o resultado acumulado havia sido de 10,80%.

A elevação nos valores de alimentos, área com maior impacto no INPC, saltou de 1,25% em fevereiro para 2,39% no mês seguinte. Nos preços de produtos não alimentícios, a oscilação foi de 0,92% em fevereiro para 1,50% no próximo mês.

Redação: Victor Boscato – Supervisionado por: Fernanda Zambianco)

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