Imagem: Freepik
Por Felipe Bismarchi
Há alguns dias, um descarrilamento fez com que um trem carregado de cloreto de vinila tivesse alguns vagões tombados e por decisão desacertada da companhia alguns fossem queimados gerado uma sabida potencial fumaça tóxica que agora queima na região, gerando a obrigatoriedade da evacuação das pessoas, a morte de animais, destruição de áreas verdes, contaminação da água e potencial intoxicação e morte. Você pode acompanhar detalhes da notícia Desastre com trem em Ohio, nos EUA, libera fumaça tóxica e milhares deixam suas casas | Exame e em outros meios.
A mensagem estarrecedora, inquestionável e, novamente, gritante aos nossos olhos é que o sistema que criamos e onde vivemos é majoritariamente degenerativo. A forma como temos ocupado os espaços da Terra é incompatível com a necessidade de integração e pertencimento que a Natureza construiu ao longo dos seus bilhões de anos.
Extraímos recursos do planeta, produzimos (como a vinila e seus diversos subprodutos) matérias tóxicas e não absorvidas facilmente pelo próprio sistema natural e numa lógica linear de extração, produção, consumo, descarte ou numa tentativa circular de incluir a reciclagem em alguma medida, nos espantamos com estes eventos destruidores e os chamamos de tragédia.
Dada a escolha ecossocioeconômica que temos seguido há mais de séculos não pode ser mais considerada tragédia pois temos ciência – talvez nos falte consciência – dos impactos destrutivos e da forma depredadora que tem sido conduzido sob a falaciosa narrativa de progresso (para 1% da sociedade talvez, o que não faz nenhum sentido). Este é mais um evento destrutivo e mais uma chance de alerta urgente para discutirmos nossas práticas corporativas, políticas públicas e arranjos sociais com base na biomimética (a imitação efetiva da Natureza em todos os seus princípios), no desenvolvimento de negócios e modelos regenerativos e distributivos que se fazem, portanto, inclusivos e caminharmos para um genuína sustentabilidade.
