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Fertilizantes químicos são utilizados nas plantações para aumentar a produtividade do solo. O Brasil, apesar de produzir fertilizantes, é fortemente dependente de outros países para suprir a grande demanda de tais produtos. Aproximadamente 70% do insumo usado para tratar os solos na nossa agricultura vem do exterior, tendo a Rússia é a principal fornecedora.
No ano passado, 23% dos adubos ou fertilizantes químicos importados foram provenientes da Rússia, segundo levantamento do Comex Stat, do Ministério da Economia. Isso corresponde a mais de 9,2 milhões de toneladas do produto. No total, a compra do Brasil em 2021 totalizou 41,6 milhões de toneladas, somando US$ 15,1 bilhões.
Belarus, por ser uma aliada da Rússia, também já está sentindo os impactos das sanções que foram impostas por diversos países do mundo ao território governado por Vladimir Putin. Uma das consequências atinge diretamente o Brasil: segundo o embaixador Sergey Lukashevich, seu país foi obrigado a suspender as vendas de fertilizantes para o agronegócio brasileiro porque o escoamento foi proibido pela Lituânia, que fechou as fronteiras. A exportação de Belarus é responsável por 20% de todos os fertilizantes consumidos pelo Brasil.
O governo federal lida ainda com a questão de que as sanções econômicas impostas à Rússia afetem a empresa russa Acron e não permita o funcionamento de uma fábrica de fertilizantes em Três Lagoas, em Mato Grosso do Sul. A Acron adquiriu a fábrica da Petrobras no segundo mês desse ano.
Outro assunto importante de ressaltar é que, no domingo, a Rússia foi desligada do sistema financeiro global. Sendo assim, ficam proibidos negócios com o Banco Central russo, impedindo a liquidação de contratos de compra e venda. A guerra inviabiliza os negócios estrangeiros das empresas russas.
Devido às sanções, o receio é que o veto sobre a exportação do produto só aumente. E, com problemas para receber insumos de dois grandes fornecedores no radar do produtor brasileiro, é esperado que a oferta diminua e o preço, dispare.
Para o Brasil, essa dificuldade na compra de fertilizantes de fato deverá causar impactos no agronegócio com provável diminuição de plantação para algumas culturas. Contudo, apesar do cenário, existe aí a possibilidade de expandir as negociações com países como China, EUA e Canadá, por exemplo.
Além disso, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse na noite de terça-feira (1) que acompanha com cautela os desdobramentos da crise Rússia-Ucrânia e que é “muito cedo” para mensurar o impacto que a crise terá na importação de fertilizantes no Brasil. “Precisamos aguardar, é muito cedo ainda: precisamos ver como será essa sanção do Ocidente para Rússia”.
A ministra declara que não há razão para pânico, embora o presidente Jair Bolsonaro tenha declarado na manhã desta quarta-feira (2) que há uma preocupação sobre a falta de potássio no Brasil.
“Não temos certeza do impacto ainda, tudo vai depender da evolução do conflito: mas não há motivo para pânico. Temos buscado alternativas se isso ocorrer e debatemos saídas, além do plano nacional de fertilizantes que discutimos desde 2020”, avaliou a ministra.
O lançamento do Plano Nacional dos Fertilizantes já vem sendo estudado pelo governo há algum tempo e tem por objetivo justamente reduzir a dependência do agronegócio de insumos externos. O caminho é a implementação de propostas legislativas para facilitar a produção do item no país.
(Redação: Fernanda Zambianco/Victor Boscato)
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