E aí, como fica o mercado agora com a vitória do Lula

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Por Fabio Sobreira

Assim como um meteorologista é bombardeado por perguntas sobre o tempo nas temporadas de furacões, a dúvida que os analistas mais têm respondido nos últimos dias é: “E aí, como fica o mercado agora com a vitória do Lula?”, e a resposta que mais vemos e que têm refletido os pregões recentes é: “Volátil”.

A volatilidade vem das incertezas causadas pela falta de informações, que surgem ainda pulverizadas e ainda muito incipientes, mas que têm sido capazes de gerar quedas e disparadas diárias de 2 dígitos em vários ativos de nossa bolsa. O mesmo ativo que em um dia cai mais de 10% dias depois sobe em igual ou maior proporção, dependendo do humor do mercado e das reações aos discursos e nomes “supostamente” anunciados pelo governo.

Logo após as eleições, quando muitos tinham como possibilidade a revelação bombástica de fraudes nas eleições provenientes de problemas nas urnas, o mercado ainda agia, em parte, guiado por resquícios do presidente anterior. Mas agora, com a possibilidade bem menor de qualquer mudança no resultado das eleições e de quem irá governar o país a partir de janeiro, é o atual presidente eleito quem tem mexido de forma direta nos rumos da nossa Bolsa.

É importante, porém, entendermos alguns conceitos, inclusive estudados na análise técnica, de que estes movimentos de curto prazo são como “marolas”, ou pequenas ondas que acontecem em curto espaço de tempo em meio a ondas maiores, que, por sua vez, são influenciadas pelas marés.

Estas marés, no caso do mercado financeiro, vêm de notícias e informações sobre o mercado externo, onde o dinheiro do mundo está, e que ditam os rumos das bolsas mundiais, inclusive a nossa, há décadas.

No fim, por mais que essas marolas possam provocar alvoroços no dia-a-dia da bolsa brasileira, uma boa notícia vinda da China, como afrouxamento de sua política de Covid zero, ou uma má notícia, como uma possível crise no mercado americano, vai mexer com a nossa bolsa com muito mais força, e por períodos maiores, do que qualquer fala do presidente ou de qualquer nome anunciado pelo governo para compor ministérios.

Há uma frase muito repetida no mercado nestes dias que é: “o mercado não prefere a esquerda ou à direita, o que o mercado não gosta é de incertezas”. Mas a verdade é que o que o mercado não gosta é de decisões ruins, de interferência do governo e, mais recentemente, de furo de teto de gastos.

Este último tema tem tido, na verdade, o poder de fazer com que os investidores fiquem roendo suas unhas a cada vez que o governo aumenta o número do chamado “waiver”, ou a licença para gastar desrespeitando o teto. E isso não seria muito diferente se o Bolsonaro ganhasse, pois esta sinuca de bico veio de promessas que ambos fizeram em campanha, a fim de ganhar os votos dos mais pobres, fazendo uso de dinheiro público.

Repito, o que o mercado não gosta é de decisões ruins e contra o mercado, e isso realmente independe de que lado da balança o governo está, mas de suas promessas de campanha e de quem ele quer agradar.

O mercado não gosta é de ser demonizado e tratado como um vilão que suga o dinheiro dos mais pobres, enquanto, na verdade, é ele quem gera emprego e renda para toda a população.

Políticas públicas desastrosas não mexem apenas com o mercado, mas com toda a população. Interferências em preços de combustíveis, energia, comunicações ou em qualquer outro setor, que não sejam advindas do próprio mercado, modificam o fluxo natural da nossa economia, como formiguinhas quando são impedidas de seguir sua linha de trabalho e se vêem obrigadas a criarem desvios para chegar ao seu destino.

A Bolsa de valores não é um cassino onde os ricos apostas suas fichas na ganância de ficarem ainda mais ricos, mas sim, um lugar onde pequenos e grandes investidores são capazes de investir juntos em empresas que eles acreditam e que podem garantir o futuro de suas famílias, com dividendos e valorização de suas cotas acontecendo através do bom trabalho de seus gestores, com a menor interferência possível do governo.

Lula têm em suas mãos o poder de decidir se será mais parecido com o Lula 1, pró mercado e com bons nomes em seu governo, e que fez a bolsa subir mais de 3% na primeira semana pós eleições de 2022, ou se preferirá fazer políticas públicas anti mercado, causando encolhimento da economia, demissões em massa das empresas e queda de mais de 5% do Ibov, como vimos na semana seguinte, conforme podemos ver no gráfico abaixo.

Fonte: www.statusinvest.com.br

Por enquanto, o cenário que se pinta é de muita volatilidade enquanto os nomes vão sendo anunciados e, com sorte, serão bons nomes e farão um bom trabalho em seus cargos, levando o país a crescer.