E agora José? a COP 27 acabou? quais os desafios para a contabilidade nesse cenário?

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Por Iago França Lopes

A Conferência das Partes (COP) é um encontro que desde 1995 reúne anualmente os povos da terra para tratar de questões relacionadas  a mudanças climáticas e melhorias das questões ambientais que garantam a manutenção da vida no planeta terra. Desses encontros temos alguns marcos importantes, a exemplo do Protocolo de Kyoto, no qual em 1997 as nações do mundo se comprometem em reduzir as emissões de gases de efeito estufa até 2012.

No avanço das discussões, no ano de 2022 ocorreu a 27ª reunião anual da Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC). O palco para este ato democrático de discussão foi a cidade de Sharm el-Sheikh, no Egito. O evento ocorreu de 6 de nov. de 2022 a 18 de nov. de 2022 e reuniu aproximadamente 45.000 pessoas – dentre estas chefes de estados, povos indígenas, comunidade civil, jovens e crianças e ONG’s pró-ambientais, dentre outros agentes que tem colaborado e levantado a bandeira em defesa da vida no planeta, por meio de ações conscientes de preservação e responsabilização.

Como de costume, há grandes expectativas com essas COPs e com a realizada no Egito em 2022 não foi diferente. Essa expectativa está em linha com o fato de que, os compromissos de preservação ambiental firmados pelas nações tendem a afetar a nossa forma de condução dos negócios empresarias e a nossa forma de vida, uma vez que hoje as organizações operam globalmente e a dependência de recurso é uma agenda emergente.

Dessa forma, ao longo do desenvolvimento da temática ambiental e dos compromissos assumidos pelas nações, no que tange mitigar os efeitos do desenfreado capitalista, a contabilidade tem buscado fornecer subsídio informacional para que a tomada de decisão nesse escopo seja cada vez mais profícua e que os stakeholders possam ser atendidos. Essas tomadas de decisão envolvem desde investimentos de políticas ambientais até o desenvolvimento de produtos e processos que levem em conta o usufruto de produtos advindos da natureza.

Os principais compromissos assumidos na COP 27 pelas nações foram: (i) Criação de um Fundo de perdas e danos: a intenção é criar um fundo no qual os países contribuam para ajudar em desastres naturais decorrentes das mudanças climáticas; (ii) Revisão da temperatura global: os países se comprometeram em manter o aumento da temperatura média do planeta em 1,5ºC; (iii) Incentivo a econômica de baixo carbono: os governantes assumem que uma economia de baixo carbono é uma via interessante para a mitigação dos efeitos das emissões de CO2, para tal, demanda-se  investimentos de 4 a 6 trilhões de dólares por ano; (iv) Desenvolvimento de tecnologias climáticas: a ideia está em incentivar o desenvolvimento de tecnologias que solucionem problemas climáticos nos próximos cinco anos em países emergentes; (v) Desenvolvimento de medidas de mitigação: o convite realizado está em construir de modo urgente medidas de mitigação das emissões de gases do efeito estufa; (vi) Fortalecimento das Ações Globais e do Acordo de Paris: com a proposta de criar medidas e espaços para as adaptações climáticos foi anunciado 105,6 milhões de dólares em novos financiamentos para a causa e (vii) Deter a perda florestal: é esperado que até 2030 governos, empresas e a comunidades estabeleçam ações que mitiguem a desmatamento.

Diante desses compromissos, é vislumbrando que a contabilidade estabeleça medidas que possam colaborar para a identificação, mensuração e divulgação de informações nos relatórios contábeis que permitam um processo de accountability. O que a curto e longo prazo tende a fortalecer o processo de responsabilização por parte das empresas diante do usufruto dos fatores de produção que são limitados.