Copom aumenta em 1% a taxa básica de juros, para 12,75%

Foto: Freepik

Como já previsto e publicado na última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), o Banco Central (BC) aumentou em 1% a taxa básica de juros (Selic), para 12,75%.

No documento divulgado na noite de ontem (4), após a decisão, o colegiado antevê um aumento de magnitude menor na próxima reunião. “É importante salientar que, ao fazer isso, a autoridade monetária, na prática, traz um aumento real na estrutura de curva de juros, pois o tomador de crédito já está pagando uma taxa maior mesmo antes da Selic se materializar em um novo aumento na próxima reunião”, afirma Gabriel Emir Moreira e Silva, superintendente da área de Projetos da FIPECAFI e consultor na área de investimentos financeiros, otimização financeira e hedge de operações financeiras.

As perspectivas de riscos com interrupção da cadeia de suprimentos decorrentes do conflito da guerra na Ucrânia e a alta no preço das comodities são fatores globais e estão sendo enfrentados pelas autoridades monetárias do mundo todo. “Entretanto, temos que fazer uma diferenciação no remédio que está sendo prescrito: o aperto monetário, pois ele é eficaz para enfrentar a inflação de demanda. Já a inflação de preços administrados os aumentos em taxas de juros são hipossuficientes, pois eles evitam apenas a contaminação generalizada na economia da subida de preços, mas inócuos em relação a subida direta nos preços tais como combustíveis e energia”, explica Moreira e Silva.

“Embora pareça o caso, devido ao espalhamento dos aumentos de preços, este remédio oferece um risco da escalada de taxa de juros sem ter como contrapartida o arrefecimento das pressões inflacionárias, mas penalizando fortemente a atividade econômica. Este fenômeno é denominado estagflação. Cenário que pode também se instalar nos Estados Unidos, embora por lá – além da economia ter uma inércia de outra magnitude – o FOMC vem atuando de maneira contundente para não agir reativamente, tanto que fez um aumento de 0,5% que não ocorria há mais de 20 anos”, complementa.

Na visão do superintendente da área de Projetos da FIPECAFI, já tivemos este cenário no mundo por ocasião do choque do petróleo na década de 70, quando os preços eram fatalmente contaminados pelos combustíveis, tornando inócuo os ajustes contracionista de políticas monetárias. “Nesse sentido, a dose deste remédio precisa ser cuidadosamente medida para que o paciente não morra por causa dele. Os técnicos do BC são muito competentes em fazer simulações com os dados da economia brasileira de modo a calibrar esta dose no processo de decisão do Copom”.

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