Como a guerra na Ucrânia afeta seus investimentos?

Foto: Rawpixel;Freepik

Por Fabio Sobreira, analista CNPI-P e Professor da FIPECAFI

O mundo tem acompanhado estarrecido o início de mais uma guerra, iniciada por uma das grandes potências mundiais, e que têm poder suficiente para iniciar um novo confronto de escala global, causando destruições jamais vistas na história da humanidade.

Para combater a Rússia, o mundo tem imposto ao país e aos seus cidadãos severas restrições financeiras, com o intuito de frear as investidas russas, prejudicando assim toda a sua economia e abrindo espaço para uma nova era de investimentos.

Até o dia 8 de março de 2022, enquanto os europeus viam seu principal índice, o STOXX Europe 600, cair mais de 12% ao longo de 30 dias, o Ibovespa caiu apenas 1% no mesmo período, perdendo muito pouco valor mesmo após o início dos conflitos. Já o SP500, com as principais empresas da Bolsa americana, vem tendo um desempenho mais parecido com o europeu, com as incertezas de como uma guerra pode afetar sua economia caso o país se envolva em mais um confronto.

Outro ativo que vem apresentando um comportamento muito incerto é o Bitcoin, que apresentou forte queda no início dos conflitos, mas depois disparou, devido a possibilidade de os próprios países em guerra utilizarem-se das criptomoedas como meios de troca. Isto parecia demonstrar que o Bitcoin e as Altcoins foram finalmente reconhecidas como reservas de valor, porém, logo em seguida, suas cotações voltaram a cair, mostrando que as criptomoedas apenas têm se comportado como um ativo mais arriscado para se ter em tempos de aversão a risco, como em uma guerra, com volatilidade muito superior aos ativos de Bolsa, como o SP500.

Já os Fundos Imobiliários, apesar de serem menos voláteis que as ações, vem demonstrando ainda uma performance ruim, mesmo não tendo efeitos tão negativos devido à guerra da Ucrânia.

Mas a classe de ativos que provavelmente mais se beneficiará com o aumento da aversão a riscos é a Renda Fixa, que continua a atrair legiões de seguidores em busca de um retorno “garantido” e risco “zero”. 

A taxa Selic, hoje em 10,75%, mas com possibilidade de chegar a 12% já na reunião do COPOM na semana que vem, é uma das maiores do mundo e engrossa as perspectivas de que estes podem ser os grandes campeões de 2022, pelo menos aqui no Brasil.

Para quem gosta de risco, e das possibilidades de ganhos que vem com ele, ativos mais voláteis podem ser hoje o melhor investimento. Porém, quem busca segurança em seus investimentos, deve certamente buscar outras formas de investir seu dinheiro, como na Renda Fixa.

Após 2 anos difíceis para os investimentos, em especial no Brasil, seja pelos efeitos da pandemia ou de conflitos políticos internos, agora a possibilidade de uma guerra acaba de vez com a paz dos investidores e é preciso alinhar as expectativas para não se frustrar com os retornos que se pode conseguir sem correr riscos desnecessários.

Todo cenário adverso pode ser encarado como oportunidade e não há ainda qualquer sinal de pânico por aqui, como houve no início da pandemia, onde nosso índice chegou a ser negociado abaixo dos 70 mil pontos, abrindo oportunidades para aqueles que seguraram as ações até os patamares acima dos 110 mil pontos de hoje. Um ganho de mais de 50% em apenas 2 anos.

Quem investe errado e se precipita acaba deixando passar oportunidades que muitas vezes demoram para voltar. Todo movimento deve ser feito com cuidado e com foco no longo prazo, mesmo com todas as possíveis perdas ou ganhos em períodos mais curtos.

Para minimizar os riscos, é importante então diversificar de forma sábia e com métodos que possibilitem aumentar os ganhos, diminuindo os riscos e gerando maior conforto e tranquilidade para quem está investindo.

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