Cenário econômico preocupa e gera expectativas conservadoras no varejo para o fim do ano

Foto: gpointstudio/Freepik

Por: Fernando Trambacos – Coordenador dos cursos de Inteligência de Mercado no Varejo e Planejamento e Gestão Financeira no Varejo da Faculdade FIPECAFI

A última divulgação da Pesquisa Mensal do Comércio, referente ao mês de setembro de 2021, trouxe pelo segundo mês consecutivo um recuo no volume de vendas do país: queda de 1,1% frente ao mês de agosto de 2021, após uma queda de 3,0% na comparação entre agosto e julho desse ano, considerando a série dessazonalizada para o varejo ampliado. Esse desempenho retorna o varejo a um patamar inferior ao início da pandemia (regressão de 1,7% na comparação com fevereiro de 2020) e a um cenário de regressão frente ao mesmo período do ano passado (recuo de 3,6% frente a setembro de 2020). O cenário é parecido para a maior parte dos segmentos do setor.

Apesar de essa apuração não ter sido recebida com surpresa pelo mercado, ela reforça uma série de preocupações a respeito dos impactos do cenário de deterioração econômica do país, o qual deve influenciar negativamente o desempenho de vendas no fim do ano, período mais importante para a maior parte do varejo. A expectativa predominante hoje é de que o período que inclui a Black Friday e as festas de natal e ano novo observará um incremento de vendas, com desempenho potencialmente superior ao ano passado, mas ainda em nível bastante moderado.

Esse conservadorismo de expectativas se deve a uma série de fatores.

A última edição da PNAD apontou para uma melhora significativa na taxa de desemprego, atingindo o patamar de 13,2% (junho-julho-agosto), uma melhora de 3,6% frente ao período anterior. Apesar desse resultado, contudo, uma análise mais detalhada dos dados mostra que houve um aumento da informalidade no período e que os novos empregos gerados tendem a ter menor nível salarial, diminuindo o rendimento médio dos empregados. Paralelamente, o aumento da inflação para patamares que não eram observados há anos, hoje acumulada de 8,4% apenas em 2021 (IPC-A), também contribui para reduzir o poder de consumo das famílias.

Esse cenário se reflete em uma redução do Índice de Confiança do Consumidor, que teve queda expressiva no mês de setembro (-6,5 pontos), menor índice desde abril de 2021. Já o Índice de Confiança do Comércio se manteve praticamente estável, com aumento de 0,1 pontos, estabilizando-se após uma sequência de dois meses de queda. Tal movimento reflete o aumento das incertezas de consumidores e empresários, devido ao cenário descrito acima e, também, movido pelas incertezas políticas em relação aos preços da energia e dos combustíveis.

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