Bancos Brasileiros e a Pandemia: o que aconteceu com a rentabilidade das instituições financeiras?

Foto: @lemonsoup14/Freepik

Luciana Maia Campos Machado, Professora do Mestrado Profissional em Controladoria e Finanças da Faculdade Fipecafi

Mariana Porto de Lima Mestranda em Controladoria e Finanças pela Faculdade Fipecafi

Sandra Brasileiro, Mestranda em Controladoria e Finanças pela Faculdade Fipecafi

Silvia Valente, Mestranda em Controladoria e Finanças pela Faculdade Fipecafi

A pandemia da Covid-19 afetou de forma severa empresas de diversos setores. Grande parte das organizações impactadas buscaram recursos junto aos bancos e instituições financeiras para superar as perdas de receita, a necessidade de capital de giro, repactuação de dívidas, extensão de prazos de pagamento entre outras ações para melhorar sua liquidez e proteger o caixa, até que a situação econômica se reestabelecesse.

Outro aspecto importante e com grande impacto na sociedade brasileira foi a introdução de um auxílio financeiro, instituído pelo poder público para parte da população: o Auxílio Emergencial. De acordo com o Banco Central do Brasil (BC) o auxílio teve como efeito imediato a abertura de milhões de novas contas para o seu recebimento, além de um impacto financeiro de aproximadamente 322 bilhões nos cofres públicos.

As medidas de enfrentamento à pandemia da Covid-19 movimentaram os bancos brasileiros, seja para atendimento às demandas do governo ou por necessidade de crédito por parte das empresas. Mas quais os impactos desse cenário na rentabilidade dos bancos brasileiros?

Indicadores de rentabilidade nos mostram a eficiência de uma empresa ao utilizar seus ativos (ROA ou return on assets) e patrimônio líquido (ROE ou return on equity).

As tabelas a seguir apresentam esses indicadores, entre os anos de 2019 e 2021, para quatro grandes bancos brasileiros. O que aconteceu com a rentabilidade do setor durante a pandemia?

ROA – Rentabilidade sobre o ativo (%)
Banco201920202021
Banco do Brasil1,41%0,83%1,10%
Bradesco1,67%1,05%1,34%
Itaú Unibanco1,54%0,79%1,21%
Santander1,70%1,36%1,57%
Média1,58%1,01%1,31%
ROE – Retorno sobre patrimônio líquido  (%)
Banco201920202021
Banco do Brasil19,36%12,58%15,25%
Bradesco17,90%11,92%13,93%
Itaú Unibanco17,86%11,16%16,13%
Santander20,76%18,21%17,13%
Média18,97%13,47%15,61%

Em 2020 a crise decorrente da pandemia derrubou a rentabilidade dos bancos ao menor patamar dos últimos dez anos ao forçar as instituições a aumentar suas despesas com provisões. A expansão do crédito foi dominada pela concessão de linhas assistenciais a micro, pequenas e médias empresas, reforço do digital e aposta comum no agronegócio.

Em 2020 o ROA médio da amostra foi de 1,01%, um decréscimo de 36,32% em relação ao ano anterior. Já o ROE caiu 28,99%, indo de 18,97% em 2019 a 13,47% em 2020.

Dentre os bancos, o que menos sofreu em perda de rentabilidade foi o Santander, que teve queda de 20,15% e 12,28% em seu ROA e ROE, respectivamente. Já o Itaú Unibanco foi o que mais sofreu na amostra, perdendo 48,90% de ROA e 37,48% de ROE.

Em 2021, o ciclo de divulgação de balanços demonstrou a recuperação da rentabilidade, beneficiada por baixa nas provisões para perdas registradas em 2020.

Apesar dos bancos brasileiros terem enfrentado momentos desafiadores durante a pandemia, demonstraram resiliência, a exemplo do que já havia acontecido na crise financeira de 2008.

O Conselho Monetário Nacional (CMN) e o Banco Central atuaram auxiliando os bancos na preservação do capital e na manutenção da liquidez. Foi necessário aumentar as provisões para os picos de inadimplência, mas também houve ganho de eficiência operacional e aceleração dos investimentos em digitalização dos negócios. As medidas impostas pelo governo federal em conjunto com os bancos, que suspenderam pagamentos, auxiliaram na contenção de inadimplência nos momentos mais críticos da crise e permitiu uma recuperação de rentabilidade das instituições entre 2020 e 2021.

Contato: [email protected]

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.