A tecnologia mudou o perfil do profissional contábil-financeiro, diz pesquisadora do IMA

Diretora de pesquisa, tecnologia digital e transformação em finanças do IMA, Loreal Jiles

Loreal Jiles, diretora de pesquisa, tecnologia digital e transformação em finanças do Institute of Management Accountants (IMA), avaliou que a automatização da área contábil deve promover mudanças no mercado de trabalho do setor, mas não extinguir vagas. “A tecnologia é secundária em relação às pessoas e processos”, afirmou Jiles em palestra que inaugurou o segundo semestre letivo da Faculdade FIPECAFI.

Segundo ela, o processo de automatização do setor deve alterar a dinâmica do mercado de trabalho, que passará a exigir conhecimentos básicos em programação para profissionais da área. Com mais de 15 anos de experiência em transformação digital, Jiles avaliou ainda que o acesso à informação aumentou a competitividade na operação das empresas. “As tecnologias emergentes estão abrindo caminho para aprimorar as habilidades e atender às demandas dos negócios. O objetivo disso, quando pensamos sobre os CFOs implementando seus planos para preparar as equipes para o futuro, bem como os controladores na área, seria transformar a entrega funcional das equipes de finanças e contabilidade em todo o mundo”, afirmou Jiles.

Realizado junto à consultoria Delloite, um estudo do IMA indicou que aproximadamente 90% dos participantes – todos do mercado contábil-financeiro – afirmaram perceber que as atividades contábeis se tornarão mais analíticas nos próximos cinco anos. O levantamento diz ainda que 94% dos postos de trabalho para contadores e auditores devem sofrer impactos com o avanço da tecnologia. 

Jiles destacou também o desenvolvimento do Processo de Automação Robótica (RPA, na sigla em inglês) – uma tecnologia que simula interações humanas com computadores. Dessa forma, esses robôs, ou bots, são capazes de gerar relatórios, enviar e-mails, adicionar dados aos sistemas, ler documentos  PDF e operar outras atividades do setor contábil. “E isso pode acontecer 24 horas por dia, sete dias por semana e 52 semanas por ano”, afirmou a pesquisadora, que também destacou o uso conjunto do RPA com sistemas de inteligência artificial, permitindo que os bots sejam capazes de aprender enquanto desempenham essas atividades. 

A diretora detalhou um dos casos no qual aplicou o RPA no sistema de uma companhia global – já que o envolvimento de  diferentes idiomas e moedas dificultava a atividade do setor contábil. ”O robô foi capaz de processar informações lidas em documentos PDF, acessar o sistema financeiro para encontrar informações e submeter o pagamento para aquele cliente”, pontuou Jiles.

Segundo ela, cerca de 120 milhões de trabalhadores das doze maiores economias do mundo devem precisar de requalificação ou treinamento nos próximos três anos, como resultado do avanço de tecnologias de automação e inteligência artificial. “A automação veio para ficar. Os colegas da equipe digital já estão na folha de pagamento e a liderança está atribuindo a eles tarefas financeiras e contábeis. À medida que a capacidade da tecnologia continua a avançar, a complexidade dos processos que os colegas da equipe digital podem realizar por meio da tecnologia, sem dúvida, aumentará”, afirmou a pesquisadora. 

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