A diversidade que nos torna únicos

Foto: Freepik

Por Felipe Bismarchi

No último final de semana ocorreu em São Paulo pela primeira vez após a pandemia a Parada do Orgulho LGBT+, considerada a maior do planeta, com o mote de maior representatividade política de pessoas LGBTQIAP+. É sabido que, da mesma maneira que temos a maior parada, somos também o país com o maior número de mortes de pessoas trans e travestis, números que se juntam a outras estatísticas que sinalizam o tamanho da violência e da intolerância ainda presentes em nossa sociedade.

Como tenho buscado compartilhar em nossas postagens periódicas, a busca pela sustentabilidade forte implica na conquista do “progresso humano em uma teia de vida florescente” nas palavras da Kate Raworth em Economia Donut como vimos e resgatarei sempre que preciso para fins de lembrança e fixação.

Esta forma de abordar a sustentabilidade implica discutirmos o que queremos ser em conjunto, em coletividade, enquanto sociedade. Pergunta fundamental e relevante a qualquer momento e quando não é feita, nos deixa à mercê de práticas e respostas que nos foram passadas, impostas ou copiadas. Somos um país continental, temos muitos Brasis aqui dentro e com histórias, dores e alegrias muito diferentes. Desta diversidade toda é que surgem múltiplas histórias que nos unem e que podem potencializar nossa capacidade de sonhar, vislumbrar novos caminhos e desenhar histórias e soluções para que sociedade queremos ser!

Extrapolando, e incluindo, a pauta da representatividade de gênero e orientação sexual para a representatividade de toda diversidade brasileira, trazendo ao palco os povos e comunidades tradicionais tão incessantemente atacados juntamente com pessoas e organizações que buscam apoiá-los, como vimos com o terrível assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips que se unem às trágicas histórias de vários militantes e defensores da diversidade ao longo dos anos em nosso país.

A representatividade da diversidade nos campos político, econômico e social são fontes de competitividade pois, entre outros benefícios, catalisam nossa criatividade não só para negócios mas para cidadania, para termos narrativas múltiplas de existência e isso só pode ser alcançado de fato quando associarmos a representatividade da diversidade à empatia, respeito e escuta ativa, habilidades essencialmente humanas que tem sido negligenciadas por um modelo de sociedade pautado no egoísmo, no calculismo e no utilitarismo.

Um provérbio africano muito comunicado diz “se quer ir rápido, vá sozinho. Se quer ir longe, vá acompanhado”, é fundamental refletirmos sobre as bases da nossa solidariedade, dos laços e conexões que nos trouxeram longe e que poderão nos levar mais além. Você faz parte de algum coletivo? Uma associação de bairros, uma comunidade de prática, um grupo de condomínio, um clube, uma ONG, uma igreja, uma roda de conversa? Nos coletivos em que você está, a diversidade também está presente? Você entra em contato com gente diferente, com pensamentos diferentes dos seus, com visões de mundo que podem te chocar num primeiro momento? Se sim, como você se relaciona com essa pluralidade? Percebe se ela te deixa mais flexível, mais criativo e mais sensível às mudanças do seu entorno e com mais capacidade de criar alternativas que funcionem para responder a seus desafios? Sim, compartilhe conosco! Não, procure os diferentes dentre seus iguais! E vejam como isso é poderoso para todos os papéis que você desempenhar na sua vida.

A bandeira do arco-íris é um ótimo lembrete de como uma cor (branco) se forma de sete, de como a unidade existe na diversidade que cria a unidade em uma dinâmica sem fim, como já demonstrou o grande filósofo centenário Edgar Morin. É hora de destravarmos o poder da diversidade em nossos espaços de existência! 

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