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A já conhecida recuperação da economia em “V” chegou, mas no caso dos juros, infelizmente não temos muito o que comemorar. Depois de um período onde o Brasil teve uma taxa básica de juros considerada “civilizada”, retomamos – após a decisão de hoje – para o emblemático patamar do “duplo dígito”.
Para o diretor de pesquisas da FIPECAFI e professor da Universidade de São Paulo, Fernando Dal-Ri Murcia, o Banco Central errou principalmente ao adotar uma postura pouco “conservadora” num país com um longo passado inflacionário, levando os juros para patamares demasiadamente baixos, chegando a 2% em agosto de 2020, o que tornou o mercado totalmente disfuncional à época dos fatos. Além disso, o ciclo de alta iniciou demasiadamente tarde, mesmo quando a inflação já demonstrava não ser assim “tão transitória” e o mercado já precificava na curva a necessidade de elevação imediata dos juros.
Em razão dessa falta de conservadorismo, a inflação se descontrolou e, agora, para trazer a inflação para a meta, será necessário subir os juros para patamares que, naturalmente, irão restringir a atividade econômica do país no momento em que o número de desempregados ainda é recorde.
O BC demorou para olhar para cima, agir tempestivamente e acabou ficando, como se diz no mercado, “behind de curve”. O risco agora passa a ser outro: exagerar na subida de forma desnecessária e prejudicar a retomada da economia pós-COVID.
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