A Contabilidade e o seu Compromisso com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU – Agenda 2030.

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Por Iago França Lopes

A contabilidade desde a sua constituição enquanto área do conhecimento, contribui para administração e controle do patrimônio. Essa missão alcança inúmeros segmentos e espaços da sociedade, o que inclui empresas de pequeno e grande porte, startups, organizações sem fins lucrativos e instituições governamentais. Essa presença notória da contabilidade nesses espaços revela a importância da área, a qual têm por proposta contribuir também para a tomada de decisão dos inúmeros stakeholders que ocupam esses espaços, por meio de números e narrativas contábeis que expressem a realidade dessas organizações.

Diante dos processos globalizatórios, desde as expansões marítimas que promoveram a colonização da América, é possível perceber que houve um aumento expressivo nos interessados pelas informações contábeis, os chamados stakeholders como já mencionado. Frente a esse reconhecimento, intenta-se que a contabilidade nos últimos 20 anos passou a responder à inúmeros interessados pelo controle e patrimônio das organizações, a fim de cumprir o seu papel também social e político, o que pode ser visualizado como um desafio para as organizações do Século XXI.

Nessa perspectiva, cumprir um papel social e político em termos contábeis é também olhar para os movimentos e preocupações mundiais no que alcançam a manutenção da vida no Planeta. Nesse interim, insere-se os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), proferidos pela ONU – Agenda 2030.

Figura 1. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Fonte: Nações Unidas Brasil (2022).

Diante dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, as organizações demandam de um processo de adaptação interna para o atendimento desses objetivos, o que é um compromisso mundial. Essa adaptação está em linha com mudanças em processos na organização e até mesmo no processo produtivo. Empresas como Vivo, Braskem, Ambev, Sodexo e Schneider Electric já inseriram nas suas práticas um alinhamento com alguns dos 17 ODSs. É observado que existem custos nessas adaptações, no entanto, as exigências externas, por parte dos stakeholders dessas adaptações colocam  em voga inclusive a continuidade dos negócios. O ponto aqui é, os consumidores, investidores, governos de uma forma geral demandam também pelo consumo e usufruto de produtos e serviços que tenham por origem um compromisso sustentável com o planeta.

Os desafios são inúmeros e um olhar para o alinhamento das práticas organizacionais com os 17 ODSs é uma agenda emergente para as organizações e para os profissionais da contabilidade. Assim, por mais que seja observado uma preocupação com a permeabilidade dos 17 ODSs nas organizações, uma pesquisa publicada na Revista Mineira de Contabilidade em 2021 pela Barbara Siqueira da Silva, Jamile Neme de Queiroz, José Roberto de Souza Francisco e Ricardo Carvalho da Silva revela que os objetivos número 3 (Saúde) e 4 (Educação) são os que recebem maior atenção por parte das empresas.

O convite está posto: as organizações precisam cada vez mais dedicar-se a cumprir seu papel social e político que conduza suas ações ao atendimento dos 17  Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Esse atendimento, pode ser prescrito e demostrado para além das narrativas inscritas nos Relatório de Sustentabilidade, Relato Integrado e no conjunto de Demonstrações Contábeis Padronizadas. Devem alcançar também as redes sociais e as inúmeras formas de comunicação com clientes e fornecedores. É preciso cada vez mais demonstrações e ações efetivas que proporcionem e contribuam para a manutenção da vida no planeta. O viver em sociedade é pensar uma contabilidade social e política, participante da manutenção da vida no planeta e pautada em práticas fidedignas de sustentabilidade.